TVs: O GUIA COMPLETO

TVs: O GUIA COMPLETO

Comparamos as principais tecnologias para você escolher a tela ideal e começar o ano com uma nova imagem

 

Reportagem de Ricardo Marques

O final de ano chegou e você decidiu adquirir um novo TV. Começa, então, a rodar as lojas e descobre uma imensa variedade de marcas, modelos, tamanhos e tecnologias. É neste último item que as dúvidas aumentam e, muitas vezes, fica até difícil saber se aquela moderna tela grande que você tanto gostou é um display LCD, de plasma ou DLP.

Cada tecnologia tem suas particularidades e se você quer encontrar a tela ideal, ou seja, aquela que vai oferecer a melhor qualidade de imagem e se adaptar melhor aos seus hábitos e ambiente, precisará conhecer de perto todas as opções disponíveis.

Num primeiro momento, chama atenção o fato de que algumas telas à venda são finas e têm um design de dar água na boca. Outras possuem base de apoio, ótima qualidade de imagem e gabinete um pouco mais avantajado. Há também aqueles TVs de tubo tradicionais, que há muito tempo nos acostumamos a ver dentro de casa. Mas até esses mudaram, com a chegada dos modelos com gabinete até 30% mais compacto.

Independente da tecnologia selecionada, não deixe de observar se a tela traz o formato widescreen, presente na maioria dos filmes em DVD e que já foi escolhido como padrão para a futura TV digital. Fique atento também à variedade de conectores disponíveis. Quanto mais opções, melhor, para que você possa ligar o TV ao receiver/sistema compacto, à filmadora e até à câmera digital.

A entrada vídeo componente é que oferece melhor qualidade de imagem. Mas alguns modelos sofisticados trazem a moderna conexão digital HDMI e o recurso progressive scan. Muito comum em DVD players, esse circuito permite a exibição de imagens mais nítidas, com maior riqueza de detalhes e cores vivas.

Entrada para cartões de memória (para a rápida visualização de fotos digitais), recurso PIP (para acompanhar duas atrações simultaneamente), modernos processadores de imagem (que melhoram a resolução dos sinais da TV aberta e das fitas de vídeo, por exemplo): tudo isso também já pode ser encontrado nos modelos mais avançados de diferentes tecnologias. Resta, agora, conhecê-las melhor e analisar as principais vantagens e desvantagens de cada uma, para obter a melhor imagem no seu home theater.

 

TV DE TUBO

Pertence à categoria CRT (abreviatura em inglês para tubo de raios catódicos), o título de TVs mais populares, já que são encontrados na maioria dos lares brasileiros e possuem custo acessível. A boa notícia é que, nos últimos anos, esses televisores também ganharam vários circuitos (muitos deles digitais), que proporcionaram um salto na definição, no brilho, no contraste e na resolução da imagem; e até algumas funções antes só presentes em modelos de outras tecnologias. 

Entre elas, figuram o recurso progressive scan e a badalada conexão HDMI, que foram incluídos nos TVs de tubo mais sofisticados. Até o chamado comb filter (filtro de imagens) está mais preciso nos modelos atuais, permitindo uma filtragem mais detalhada dos sinais antes de serem enviados para a tela.

A chegada das telas planas foi decisiva para alavancar os demais avanços dos modelos CRT. Elas libertaram os TVs de tubo das distorções nas laterais da imagem, ampliaram o ângulo de visão (levando imagens de qualidade até para quem está sentado nas laterais da tela) e aumentaram o aproveitamento da área de exibição.

A mais recente novidade dentro dessa tecnologia são os modelos com tubo slim (mais fino). Esses aparelhos apresentam uma redução de aproximadamente 30% em seus gabinetes e, quando vistos de frente, chegam a impressionar, por se assemelharem às modernas telas de plasma e LCD. Com essa redução, os TVs de tubo slim conseguiram manter a indiscutível (e até insuperável, para alguns) qualidade de imagem dessa tecnologia, solucionando um de seus principais problemas, principalmente entre as telas de maior porte: o tamanho do gabinete.

 

Como é formada a imagem

Um conjunto de circuitos, conhecido como canhão de elétrons, é responsável pela formação das imagens em qualquer TV de tubo. Trata-se de um cilindro, com aproximadamente 10cm de comprimento, que emite raios ultra-sensíveis sobre uma superfície de fósforo, chamada de “máscara”, localizada atrás da tela de vidro. 

Essa máscara contém milhares de elementos em vermelho, verde e azul (as três cores básicas para a formação das imagens). Os raios, ao entrarem em contato com esses elementos, “desenham” as linhas que irão compor as atrações que assistimos.

A necessidade de ter uma máscara curvilínea fez com que os primeiros televisores do mercado apresentassem telas arredondadas. Caso contrário, a dispersão dos raios deixaria a imagem “lavada” ou até invisível. Durante anos, o vidro do televisor acompanhou a curvatura da máscara. 

Porém, na década de 90, os grandes fabricantes conseguiram minimizar essas curvaturas, desenvolvendo televisores com telas planas na parte central e menos arredondadas nos cantos. As distorções diminuíram significativamente, mas não acabaram.

Depois de pesados investimentos em pesquisas, os projetistas chegaram à conclusão de que, com grande índice de transparência e resistência, peso aceitável e, claro, um custo viável, vidros completamente planos e de melhor qualidade não causariam a dispersão dos raios. 

Por conseqüência, não prejudicariam a nitidez da imagem, que depende da combinação entre o vidro utilizado e a máxima profundidade do foco do canhão de elétrons. Assim, nos TVs de tubo com tela plana, a profundidade do foco do canhão é ampliada em 30%.

 

Vantagens

* Preço mais competitivo e ampla variedade de opções, inclusive acima de 40” (modelos de retroprojeção)

* Manutenção barata

* Os TVs mais sofisticados já trazem recursos que só eram encontrados nas demais tecnologias

 

Desvantagens

* Ampla espessura dos gabinetes

* Peso, que pode ultrapassar os 100kg em modelos de retroprojeção.

 

PLASMA

O primeiro ponto que chama atenção num display de plasma é o design. Extremamente fino (a maioria tem cerca de 10cm de espessura) e com visual atraente, esse tipo de tela caiu nas graças do consumidor brasileiro por aliar modernidade e beleza. Além disso, foi a primeira tecnologia a oferecer modelos que pudessem ser pendurados na parede como se fossem quadros, dispensando inclusive o uso de pesados móveis para acomodá-los. Hoje, o mercado oferece plasmas de 42” a 63”.

Mas se por fora todos os plasmas são parecidos, internamente existem diferenças bem marcantes. A mais importante está relacionada à resolução, que é medida em pixels (pontos formadores das imagens). De uma forma bem simples, quanto maior o número de pixels de uma tela, menor será o espaçamento entre eles, aumentando a definição.

Os plasmas mais simples apresentam resolução de 852×480 pixels, o que permite a reprodução de imagens com qualidade semelhante à dos DVDs (480p). Por outro lado, não terão condições de exibir toda a definição da TV digital e dos players do futuro (segmento disputado pelos formatos Blu-ray e HD-DVD). Alguns também não trazem sintonizador de TV e precisam ser conectados a um videocassete ou decodificador de TV por assinatura para exibir a imagem das emissoras.

Um dos grandes apelos dessa tecnologia tem sido a queda dos preços dos displays com resolução de 852×480. Para se ter uma idéia, já é possível levar para casa um plasma de 42” por cerca de R$ 10.000, valor bem inferior ao das telas LCD de mesmo tamanho.

Para que sua tela fina esteja realmente preparada para exibir imagens HDTV, você precisará fazer um investimento mais alto e procurar um plasma com resolução de 1024×768 ou 1366×768. Dessa forma, poderá reproduzir imagens com qualidade de 720p, muito superior aos 480p dos discos DVD.

Fique atento ainda ao contraste. E aqui, também vale a regra do “quanto maior, melhor”. Essa especificação mostra a diferença entre o branco e o preto total. Se uma tela apresenta 3000:1 de contraste, por exemplo, significa dizer que entre o branco e o preto existem 3.000 variações de cinza! Nas cenas escuras, essas variações são importantes para que possamos perceber com nitidez diferentes tons de preto, melhorando muito a definição da imagem. 

Em média, as telas mais acessíveis apresentam contraste de 1000:1. Já entre as mais sofisticadas existem modelos com incríveis 5000:1 e até que, segundo os fabricantes, trazem valores maiores. Na dúvida, fique atento às variações de cor exibidas nas telas de vários plasmas durante a reprodução de um mesmo trecho escuro de um filme e veja qual parece oferecer os cinzas e pretos mais reais.

Em comum, todos os modelos oferecem generosas taxas de brilho. Essa característica ajuda a manter as cores vivas em salas iluminadas e ambientes corporativos, onde não se pode (ou não se quer) controlar completamente a entrada da luz.

Um dos principais problemas dos plasmas, conhecido como efeito burn-in, vem sendo constantemente trabalhado pelos fabricantes. Ao reproduzir uma imagem estática por um longo período, os primeiros plasmas acabavam ficando com ela marcada na tela. Para amenizar esse problema, os fabricantes criaram os chamados descansos de tela, semelhantes aos de computador, que entram em cena depois de um certo período sem alterações na imagem. 

 

Como é formada a imagem

Um minucioso processo químico é responsável pela formação das imagens num plasma. A base dessa tecnologia está em pequenas células de vidro contendo gás que, quando ativadas eletronicamente, brilham intensamente – daí a grande capacidade de um plasma em gerar imagens com insuperáveis índices de brilho – e mudam seu estado físico para o plasma. Essas células emitem raios ultravioletas sobre pequenos painéis de fósforo nas cores azul, verde e vermelho. A cada três combinações dessas cores, surge um pixel. Um plasma com resolução de 1024×768, por exemplo, tem em média 800 mil pixels.

 

Vantagens

* Design moderno

* Pequena espessura (cerca de 10cm), o que permite sua instalação na parede.

* Maior ângulo de visão em relação aos TVs de tubo

* Alto brilho

* Preço inferior ao dos modelos LCD de mesmo tamanho

 

Desvantagens

* Gastam mais energia que as telas LCD

* Pesam mais que os LCD e exigem maior cuidado na instalação

* Alguns modelos não trazem sintonizador de canais

 

LCD

Você já ouviu falar em LCD (Liquid Crystal Display)? Se você tem um celular ou uma calculadora, por exemplo, com certeza conhece e utiliza essa tecnologia. O cristal líquido surge como a grande aposta das indústrias para o futuro e é apontado como o principal concorrente do plasma. Porém, por ser uma tecnologia recente em televisores, perde a batalha para o rival no quesito preço. 

Para se ter uma idéia, os TVs LCD a partir de 32” costumam custar mais que o dobro do valor dos plasmas mais acessíveis, com telas de 42”. Num futuro próximo, tudo indica que o plasma deverá ficar restrito aos TVs com mais de 40”, enquanto o LCD terá hegemonia entre as telas menores. Os mais radicais ainda pregam o fim dos televisores de tubo.

O LCD, assim como o plasma, possui gabinete reduzido (de 10cm a 15cm, em média) e um forte apelo estético. Por esse motivo, o consumidor sente dificuldade em saber se o televisor que está olhando numa vitrine pertence a uma ou outra tecnologia. Porém, as semelhanças mais evidentes terminam aqui. Internamente, esses televisores possuem diferenças fundamentais.

A primeira delas está relacionada à resolução, também medida em pixels. Enquanto encontramos plasmas com especificação de 852×480, os displays LCD com menor resolução trazem 1280×768. Ou seja, qualquer modelo LCD terá condições de reproduzir toda a perfeição das imagens HDTV com resolução de 720p.

Mas se leva vantagem na resolução, o mesmo não se pode dizer do contraste. Esse talvez seja o maior desafio enfrentado pela indústria: produzir TVs LCD com contraste mais elevado, que hoje fica em torno de 500:1. Alguns modelos conseguem atingir níveis de 800:1, ainda assim bem distantes dos 3000:1 ou até 5000:1 que podem ser encontrados nos plasmas. Já o brilho é semelhante nas duas tecnologias, o que também faz dos TVs LCD uma boa opção para ver filmes com um pouco de claridade. 

O ângulo de visão das telas LCD é 10º maior do que o dos plasmas, ficando em torno de 170º, o que permite uma boa visualização da imagem até para quem está sentado nas laterais do TV. Além disso, a maioria dos displays LCD já vem com sintonizador de canais e caixas acústicas embutidas, o que leva mais comodidade ao usuário. Afinal, basta ligar um único equipamento para assistir a um telejornal, por exemplo. Essas telas estão ainda livres do efeito burn-in e apresentam baixo consumo de energia.

Porém, quando a questão é o tamanho da tela, os plasmas ainda estão na frente. Há poucos modelos LCD com telas de 42” ou mais – a Samsung vende sob encomenda um TV de 57”, o maior do mercado. Se quiser uma tela maior com essa tecnologia, o usuário terá que partir para um TV LCD de retroprojeção. E aqui, esqueça a pequena espessura do gabinete. Os modelos de retroprojeção trazem internamente um projetor e, por isso, costumam apresentar, em média, 40cm de profundidade.

 

Como é formada a imagem

O processamento da imagem numa tela LCD se dá a partir de painéis com pequenos cristais que são estimulados por impulsos elétricos. A imagem é formada por milhares de pequenos pontos (pixels) que contêm as três cores básicas: verde, azul e vermelho. Combinadas, essas cores proporcionam o espectro que se vê na tela. Quando estimulados por uma corrente elétrica, os cristais tornam-se opacos e filtram a passagem da luz de acordo com a imagem a ser reproduzida. 

A maioria das telas LCD hoje comercializadas são do tipo matriz ativa, que utiliza minúsculos transistores (TFT/thin-film transistor), capazes de controlar melhor o fluxo elétrico que orienta os cristais. Cada unidade de verde, azul ou vermelho é controlada individualmente, sem interferir uma na outra, produzindo pequenas gradações que resultam em variações de cor. 

Uma tela de LCD TFT é capaz de reproduzir até 16,8 milhões de cores, com 256 gradações em cada uma das três cores básicas. Isso cria uma imagem muito mais realista em relação aos displays LCD antigos, que utilizavam a chamada matriz passiva: nesta, a corrente elétrica não orienta somente uma unidade de cor, mas várias, resultando em imagens mais “lavadas” e reduzindo o contraste. 

 

Vantagens

* Design moderno

* Pequena espessura (de 10cm a 15cm), o que permite sua instalação na parede.

* Maior ângulo de visão em relação aos plasmas

* Alto brilho

* Resolução HDTV

 

Desvantagens

* Menor variedade de opções em relação aos plasmas, principalmente em relação às telas maiores.

* Preço alto

* Contraste inferior ao dos plasmas

 

DLP

Vinda do mundo dos projetores, a tecnologia DLP (de Digital Light Processing) aterrisou recentemente ao segmento de TVs para atender ao público que busca modelos de grandes dimensões. Há cerca de dez opções dessa tecnologia sendo vendidas no País, com tamanhos variando de 44” a 70”.

Embora não possam competir com os plasmas e LCDs na questão da profundidade do gabinete, os TVs DLP trazem peso e espessura menores que os dos modelos de retroprojeção CRT. Para efeito de comparação, um televisor DLP de 52” apresenta cerca de 40cm de espessura e 38kg de peso. Já um modelo de retroprojeção de tubo com 51” tem quase 60cm de espessura e pesa incríveis 80kg, o que cria sérios obstáculos para transportá-lo e acomodá-lo na sala. Por conta disso, esses aparelhos estão perdendo espaço no mercado.

A resolução dos TVs DLP é alta. Todos os modelos oferecem 1280×720 pixels, deixando para trás os plasmas mais baratos. Já os LCDs levam uma rasteira dos modelos DLP na questão do tamanho das telas e do contraste, que varia de 1000:1 até 2500:1. Outro atrativo é o preço. É possível levar para casa um televisor DLP de 56” por cerca de R$ 25.000, o mesmo valor de um plasma menor, com 50”.

Mas quando o assunto é o ângulo de visão da tela, as deficiências dos modelos de retroprojeção aparecem. Para que as imagens sejam vistas com perfeição, é fundamental que os espectadores estejam sentados de frente para a tela. Se essa posição não for respeitada, os espectadores que estiverem localizados nas laterais do ambiente visualizarão as cenas com uma redução de brilho considerável, dando a impressão de que a imagem reproduzida está muito escura.

Além das marcas tradicionais do varejo, algumas empresas estrangeiras também comercializam telas DLP de retroprojeção no País, através de seus distribuidores oficiais, como é o caso da italiana SIM2 e da norte-americana Infocus. Porém, são modelos mais sofisticados, que trazem especificações, recursos e preços bem generosos. O modelo da Infocus surpreende por ser um TV de retroprojeção com 61” e apenas 17cm de espessura! Ou seja, é até o momento um dos poucos televisores de retro que podem ser pendurados na parede.

 

Como é formada a imagem

A tecnologia DLP é a primeira totalmente digital voltada especificamente para displays de projeção. Baseia-se no chamado chip DMD (Digital Micromirror Device), que é formado por milhões de espelhos microscópicos comandados eletronicamente. Esses espelhos têm a incrível capacidade de abrir e fechar mais de cinco mil vezes por segundo. A luz é dirigida para esse chip, que move cada espelho individualmente em frações de segundo, refletindo-a na direção da lente para a reprodução na tela. É um processo preciso, capaz de gerar imagens de altíssimo brilho, excelente resolução e bom nível de contraste. Por outro lado, há um entrave para a popularização dos TVs DLP: a Texas Instruments é a única fabricante do chip DMD e cobra caro pela sua patente. Por isso, não se sabe ainda quanto tempo irá demorar até que esses TVs tenham preços mais acessíveis.

 

Vantagens

* Telas de tamanhos generosos (de 44” a 70”) 

* Resolução HDTV

* Contraste superior ao dos TVs LCD

* São mais leves que os TVs de retroprojeção CRT

 

Desvantagens

* Ângulo de visão mais limitado

* O gabinete da maioria dos TVs DLP não permite sua instalação na parede

* Exclusividade de patentes impede uma maior redução de preços