TUDO NO CHIP

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Novos formatos de gravação, com memórias removíveis, fazem parte de vários aparelhos que estão chegando.

 

POR JÚLIO COHEN

 

O uso de dispositivos portáteis, como computadores handhelds, players de MP3 e câmeras digitais, está aos poucos se tornando parte de nossas vidas. Práticos e cada vez mais inteligentes, esses aparelhos podem até ser conectados ao home theater, ampliando os horizontes do cinema em casa.     

Computadores portáteis podem controlar – embora ainda com certas limitações – dispositivos do home theater, como o controle remoto, utilizando softwares específicos. Os do tipo palm, por exemplo, também possibilitam comandar sistemas de automação como Crestron, Lutron e AMX, além de cumprir suas funções básicas de organizadores pessoais.  

Já as câmeras fotográficas digitais podem ser conectadas ao TV ou ao receiver para visualização de fotos sem necessidade de computador. Câmeras de vídeo do tipo Mini-DV gravam e armazenam as imagens em pequenos módulos de memória, que também podem ser utilizados em players de música digital. E esses módulos permitem ainda armazenar horas e horas de música digitalizada no formato MP3 ou WMA.

Porém, na hora de escolher um equipamento portátil, temos muitas opções em formatos de memórias removíveis. Estes módulos utilizam tecnologias diferentes e são incompatíveis entre si. O futuro usuário deste tipo de produto deve estar alerta para vários fatores, como penetração de mercado do formato, facilidade de uso, custo de armazenamento e capacidade disponível.

Existem dois tipos básicos de mídia removível: o primeiro baseia-se em memórias eletrônicas chamadas flash, não-voláteis, como as memórias de computador, e o segundo em memórias removíveis, que utilizam discos ópticos ou magnéticos para armazenar informações. 

Os módulos de memória eletrônica são normalmente chamados de ‘memory cards’ ou ‘digital film’ – pelo fato de serem utilizados para armazenamento em praticamente todas as câmeras digitais do mercado. Já os produtos que utilizam mídias ópticas ou magnéticas são normalmente chamados de discos, porque discos internos são a base da tecnologia utilizada neste tipo de memória.

O primeiro formato de memória eletrônica foi o Compact Flash (CF), introduzido em 1994 pela SanDisk. É bastante utilizado em aplicações de fotografia digital, além de players de música digital. A Associação Compact Flash garante a compatibilidade dos produtos certificados, ou seja, você pode adquirir cartões CF de qualquer marca e utilizá-los em qualquer player ou câmera, desde que possuam o logo do formato. 

Os cartões têm o tamanho aproximado de uma caixa de fósforos, e estão disponíveis em capacidades entre 8 a 320 megabytes. Uma extensão do formato, chamada CF+, inclui compatibilidade com interfaces USB, permitindo conexão rápida e econômica com esse tipo de porta de dados, presente em todos os computadores recentes. O custo por megabyte do CF é de aproximadamente US$1,00.

O segundo formato disponível é o SmartMedia (ou SSFDC –Solid State Floppy Disk Cards). Também utiliza memórias eletrônicas e, ao contrário dos módulos CF, não tem controlador de dados embutido. Com isso, o custo é mais baixo (US$ 0,90 por megabyte), porém, a compatibilidade de leitura não pode ser garantida. Esses módulos, mais utilizados em máquinas fotográficas e câmeras de vídeo, estão disponíveis com capacidade entre 8 e 64 megabytes.

O MultiMedia Card (MMC), criado pela Infineon (Siemens) e SanDisk, permite armazenar de 8 a 64 megabytes de dados. Possui cerca da metade do tamanho dos cartões CF, e ganhou um irmão chamado SD (Secure Digital) Card. A crescente demanda por recursos de segurança na distribuição e armazenamento de música digital fez com que Matsushita (Panasonic), SanDisk e Toshiba criassem o SD Card, que possui a mesma capacidade de armazenamento dos cartões MMC. 

Como cerca de 400 empresas são associadas à SD Card Association, o formato MMC/SD Card passou a ser o padrão ‘de facto’ para a indústria de players de música digital. O custo dos cartões MMC é de aproximadamente US$ 1,10 por megabyte.

Como se não bastassem formatos diferentes de armazenamento digital – todos incompatíveis entre si – surgiu o MemoryStick, criado pela Sony. A empresa produz dois tipos de cartões MemoryStick: o convencional, destinado ao armazenamento de imagens, e o MagicGate, que prevê um sistema de segurança para música digital, da mesma forma que o SD Card. Boa parte dos computadores e notebooks da Sony lê o cartão, que também pode ser gravado e lido pelas câmeras digitais Cybershot. A capacidade atualmente é de 8 a 128 megabytes a um custo semelhante ao do MMC: US$ 1,10 por megabyte.

Todos os tipos de cartão de memória podem ser reconhecidos através de leitores ligados a computadores. Esses leitores são fornecidos por dezenas de fabricantes, e há também modelos híbridos (chamados ‘universais’), que permitem a leitura de mais de um tipo de cartão. 

É bom deixar claro que não importa a aplicação do cartão: música e imagem são lidas da mesma forma, mas um cartão gravado numa câmera digital, por exemplo, não vai ser reconhecido em um player portátil de MP3. Alguns players e câmeras podem ser ligados diretamente a computadores, permitindo edição do cartão de memória conectado ao aparelho.

Os formatos de memória removível eletrônica citados acima têm grandes vantagens. São praticamente imunes a vibrações e quedas, e dificilmente são afetados por fortes radiações magnéticas ou raios-x de aeroportos. Porém, por possuírem módulos de memória eletrônicos, custam mais caro. Aí entram dois novos formatos, que utilizam discos ópticos ou magnéticos, com a vantagem de um custo muito inferior.

O primeiro deles é o PocketZip, anteriormente conhecido por Click. O PocketZip foi lançado pela Iomega, criadora do tradicional Zip Drive. Guarda 40 megabytes em discos com o tamanho de um selo, que são destinados ao armazenamento de qualquer tipo de dado. A empresa também comercializa um MP3 player, que utiliza o PocketZip, mas outros fabricantes não se interessaram pelo formato.

Já o Dataplay é um pequeno disco óptico um pouco maior do que uma moeda de 25 centavos. Está disponível em duas capacidades: 250 e 500 megabytes. Por armazenar uma quantidade muito maior de dados que qualquer outro tipo de mídia disponível a um custo bem mais baixo, foi licenciado para grande número de fabricantes, como Toshiba e Samsung. Essas empresas prometem lançar uma dezena de produtos no mercado americano ainda este ano. 

O pequeno drive de leitura, embutido nos aparelhos Dataplay, consome pouquíssima energia e consegue, segundo a empresa, gravar dados com mais velocidade que os CD-R tradicionais. Como as mídias armazenam muita informação, o custo por megabyte do formato Dataplay é imbatível: US$ 0,02, ou US$ 10,00 por um disquinho.

O PocketZip e o Dataplay estão sujeitos a problemas caso sejam submetidos a choques muito violentos. Porém, o segundo tem características mais próximas àquelas oferecidas pelos itens que utilizam memórias eletrônicas, que prevêem quedas e outros acidentes sem que os dados sejam comprometidos.

Todos estes produtos enfrentam a concorrência de dois tipos de mídia que já conhecemos há tempos: CD-R e CD-RW, cujo custo de armazenamento é bastante baixo, muito inferior até mesmo ao do Dataplay. Um CD-RW, que pode ser adquirido por US$ 3,00, pode armazenar até 650 megabytes de música e imagem. Contudo, esses dois formatos têm dimensões grandes, quando comparados aos demais. Além disso, os módulos de memória podem ser gravados e apagados quase que instantaneamente, o que não é possível com o CD-R e CD-RW.

DIFERENÇAS ENTRE OS FORMATOS*

TIPO FABRICANTE MEMÓRIA CUSTO APROXIMADO**

TIPO
FABRICANTE
MEMÓRIA
CUSTO APROXIMADO**
CF (Compact Flash)
SanDisk
320MB
US$ 1/Mb
SmartMedia
Olympus
64MB
US$ 0,90/Mb
MMC
Infineon
4MB
US$ 1,10/Mb
SD Card
Toshiba, SanDisk e Panasonic
64MB
US$ 1,10/Mb
PocketZip
iOmega
40MB
Dataplay
Dataplay
500Mb
US$ 0,02/Mb
CD-RW
Vários
650MB
US$ 0,04/Mb

* Formatos para registro de dados, incluindo áudio e vídeo.

** custo no mercado americano