SOM EM 3D

SOM EM 3D

Filmes, jogos e músicas ganham mais intensidade no home theater com o áudio tridimensional

 

POR ALEX DOS SANTOS

 

Para a indústria e para o público em geral, a imagem muitas vezes é considerada mais importante do que o som. A explicação está nos aspectos fisiológicos, psicológicos e até mesmo sociológicos da visão, responsável por 80% das informações recebidas pelo cérebro, enquanto o sentido da audição compreende somente 10%. 

Contudo, áudio e vídeo sempre caminharam juntos, desde os tempos do cinema mudo. Em 2009, com a chegada dos TVs 3D, a indústria começou a se perguntar o que fazer para chamar a atenção dos consumidores também para o áudio. 

Com a crescente demanda por dispositivos móveis, algumas empresas trabalham em soluções destinadas a entregar uma experiência de som imersiva com apenas dois alto-falantes. Fabricantes tradicionais que produziam sistemas estéreo e de 5.1 canais com efeitos de áudio DSP, dentre eles o modo 3D, passaram a enfatizar e explorar esse tipo de recurso. 

Os equipamentos integrados para home theater – também chamados HTBs (home-theater-in-a-box) – vêm incorporando novidades como um algoritmo de processamento mais eficiente para transmitir a sensação do áudio tridimensional. Suas caixas acústicas, dos tipos tall boy ou satélites, possuem falantes extras posicionados no topo (voltados para o teto) ou na traseira. O objetivo é criar um som que envolva os ouvintes em 360º, preenchendo um ambiente pequeno. 

Esse é o motivo que leva alguns fabricantes a declarar que seus sistemas integrados apresentam som de 7.1 e 9.1 canais, quando fisicamente trata-se de 5.1 canais reprocessados para simular um envolvimento maior. 

Testes feitos por nossa equipe com os principais modelos mostraram que, devido às inúmeras reflexões sofridas pelas ondas sonoras, na prática o som em 3D perde um pouco de definição e a sensação precisa de divisão dos canais obtida com os processamentos Dolby e DTS. 

O problema é melhor percebido nas reproduções musicais: a localização dos instrumentos, artificialmente recriada, nem sempre é realista o que reduz o palco sonoro. Com o processamento 3D ativado somente para os efeitos surround, o envolvimento omnidirecional resulta num áudio mais difuso e imersivo. 

 

RECEIVERS 9.1, NOVA EXPERIÊNCIA SONORA

 

Para uma experiência 3D no home theater, sem abrir mão de definição sonora, a atual geração de receivers traz uma nova dimensão em áudio surround. O processamento Dolby Pro Logic IIz, lançado três anos atrás, agora começa a ser adotado pelos instaladores. Oferecido em boa parte dos receivers atuais, o DPL IIz amplia a espacialidade dos sons. Para isso, é preciso instalar caixas acústicas adicionais acima das frontais esquerda e direita, formando um sistema 7.1 ou 9.1 que pode ser utilizado para filmes, música e games. 

Os dois canais adicionais (tecnicamente, FRONT HEIGHT) funcionam independentemente dos demais. Quem já usa, por exemplo, duas caixas a mais na traseira (SURROUND BACK) também pode adotar mais duas na frente – a configuração passa, portanto, de 7.1 para 9.1 canais. Não são necessárias caixas idênticas às tradicionais; podem ser compactas, mas da mesma marca e linha. 

A vantagem do DPL IIz é que, para reprodução dos canais frontais verticais, não há necessidade de conteúdos especialmente codificados. O processador trabalha sobre sinais estéreo ou 5.1 para acrescentar altura e profundidade, sem afetar a mixagem original. 

Outro benefício do DPL IIz está na adaptação de uma configuração 7.1 em salas com limitação de espaço, ou áreas abertas, onde nem sempre é possível acomodar caixas surround back. 

Assim como a Dolby, outras empresas também desenvolveram processamentos com o objetivo de preencher acusticamente o ambiente. É o caso da californiana Audyssey com o DSX, presente em alguns receivers Denon e Onkyo, que expande o som estéreo ou 5.1 para os canais frontais verticais (7.1) e para os surround back (9.1). A novidade é a presença de mais um par de caixas frontais, chamadas de horizontais (FRONT WIDE). 

A Audyssey chegou à conclusão de que as primeiras reflexões do som, nas paredes laterais, desempenham papel importante na impressão subjetiva dos ouvintes. Por isso, sugere instalar caixas acústicas à esquerda e à direita, em ângulo de 60º em relação à parte frontal da sala (veja o desenho). 

Configuração semelhante é encontrada na novíssima tecnologia DTS Neo:X (anunciada oficialmente em junho), também com capacidade para até 11.1 canais, presente apenas na linha 2012/13 da Onkyo, mas que promete fazer parte até de TVs e sistemas de som automotivo. O diferencial do DTS Neo:X é a inclusão de caixas laterais (SIDE), praticamente ao lado do sofá. 

 

POR QUE USAR MAIS CAIXAS PARA O SOM 3D

 

Segundo empresas especializadas em processamento de áudio, a inclusão da dimensão vertical em um home theater 7.1 canais traz uma sensação de realismo maior do que as caixas surround no plano horizontal. As pessoas são mais sensíveis aos sons direcionais que se propagam a sua frente do que atrás. 

Ainda segundo pesquisadores, a audição humana pode captar muito mais do que os sistemas atuais oferecem. Com o uso de caixas adicionais voltadas para os ouvintes, dizem eles, haverá melhor percepção da localização dos efeitos e, ao mesmo tempo, dos sons refletidos. 

Mas as condições acústicas da sala é que vão determinar a correta direção, a resposta de frequência e o tempo de chegada do som refletido, influindo decisivamente no resultado final do processamento. Daí a importância de realizar uma calibragem de áudio no sistema, seja de forma automática (com os microfones especiais que acompanham os receivers) ou feita por especialistas com instrumentos de medição. 

 

COMO É A CONEXÃO DAS CAIXAS?

 

Os receivers 7.1 canais com processamento Dolby Pro Logic IIz trazem saídas de caixas específicas para os canais FRONT HEIGHT (vertical) e FRONT WIDE (horizontal). E dão ao usuário a possibilidade de destinar a potência dos canais surround back para um desses pares de canais. É preciso entrar no menu do receiver (SPEAKER SETUP) e selecionar a opção DPL IIz. 

Denon e Onkyo são os dois fabricantes que já lançaram no Brasil receivers 9.2 (dois canais para subwoofer). A Onkyo, inclusive, já lançou nos EUA (e em breve no Brasil) os modelos TX-NR5010 e NR3010, que reproduzem áudio em até 11.2 canais, desde que conectado um amplificador estéreo numa das saídas pré-amplificadas. 

O lançamento de receivers de nove canais pode ser o início de uma demanda por mais caixas acústicas. No futuro, dizem os especialistas, será possível encontrar projetos de até 22 canais com caixas posicionadas sobre nossas cabeças. Hoje, a pergunta que fazemos é: quantas caixas você seria capaz de instalar em sua sala com a finalidade de sentir-se literalmente envolvido pelo som dos filmes?

 

FONTES CONSULTADAS: Dolby Labs, DTS, Audyssey, 3Dfocus e 3D Audio Alliance