AQUI NASCE SEU TV!

AQUI NASCE SEU TV!

Entramos numa fábrica em Manaus, para mostrar como são produzidos os aparelhos que você leva para casa.

 

Reportagem: RICARDO MARQUES

 

Seu televisor, seja um plasma, LCD ou LED-LCD, passa por um longo caminho até chegar a sua sala. Como parte das comemorações pelos 15 anos da revista HOME THEATER & CASA DIGITAL, nossa reportagem esteve em Manaus, em abril último, para ver de perto a fabricação dos TVs mais avançados à venda no Brasil. 

Em visita às principais fábricas instaladas no Polo Industrial (Samsung, LG, Panasonic e Sony), pudemos ver passo-a-passo todas as etapas de produção de um TV LED-LCD 3D. Nossa revista foi ainda o único veículo de comunicação autorizado a entrar na primeira fábrica de módulos LCD instalada na América Latina, que fica no complexo industrial da LG.

Até o ano passado, esses módulos – componente mais importante de qualquer televisor – só eram produzidos na Ásia. Pudemos conferir de perto como é cuidadoso seu processo de fabricação (mais detalhes, você encontra na edição nº 180). 

Passamos quatro dias instalados no Polo, e nesse período foi possível entender melhor o cuidado e a importância de ter aparelhos tão avançados sendo produzidos no Brasil – o que, para o consumidor, se traduz em preços mais acessíveis nas lojas. 

 

  1. INSERÇÃO AUTOMÁTICA

Na primeira fase do processo, são produzidas as placas com todos os circuitos eletrônicos que darão os comandos para o TV funcionar corretamente. É a parte mais delicada de toda a cadeia produtiva. “É impossível para um ser humano desempenhar o papel dessas máquinas”, explica Pedro Orlando Junior, gerente industrial da Sony.

Nesse estágio, rolos de componentes (semelhantes aos dos filmes de celuloide) são colocados nas máquinas de inserção nas placas. Para produzir um TV LCD, por exemplo, são inseridos em média 2 mil minúsculos circuitos, alguns deles medindo apenas 0.3×0.6 milímetros. É um processo que exige precisão cirúrgica. 

Os componentes são inseridos em alta velocidade, começando pelos menores. Uma fábrica utiliza dezenas de máquinas de inserção (o número exato é mantido em sigilo pelos fabricantes), e cada uma delas custa aproximadamente US$ 3 milhões. São aparelhos capazes de aplicar 50 mil microchips por hora. 

Todas as indústrias que visitamos trabalham em turnos ininterruptos de oito horas diárias. Num cálculo aproximado, significa que uma máquina dessas produz 25 placas de TVs a cada hora, ou 600 num dia de trabalho normal.

Depois da inserção, as placas seguem por uma esteira até uma câmara de resfriamento, num processo todo automatizado. Não há contato manual, pois a colagem dos componentes precisa ser feita com solda em pasta (lembra muito as antigas máquinas de serigrafia); dali, as placas com os circuitos seguem direto para um leitor de Raios-X. “É a única forma de avaliar a qualidade da soldagem, já que a olho nu fica impossível verificar se todos os circuitos estão corretamente alinhados”, lembra Junior.

Nessa fase, utiliza-se uma foto-padrão que serve como referência. Cada placa que passa pelos Raios-X é comparada com a foto, outro processo todo computadorizado, para certificar que o produto final está dentro dos padrões exigidos. 

 

  1. INSERÇÃO MANUAL

É neste estágio que as linhas de produção começam a ficar realmente parecidas com o que se imagina da fabricação em escala: repletas de funcionários trabalhando lado-a-lado, cada um com sua especialidade. Na inserção manual de componentes, como o próprio nome sugere, as placas que saíram do primeiro estágio de produção passam a receber as peças eletrônicas maiores, que podem ser facilmente manipulados por pessoas. 

Aqui, surge outra característica interessante e comum a todas as empresas visitadas: a quase totalidade dos trabalhadores da indústria eletrônica em Manaus é composta de mulheres. Segundo os gerentes, elas são mais atenciosas no trabalho de inserção dos componentes, extremamente delicados.

 

  1. MONTAGEM 

Uma das principais exigências do governo para conceder incentivos fiscais às indústrias instaladas em Manaus é a utilização de mão-de-obra local. E os setores de montagem dos equipamentos abrigam o maior número de funcionários por metro quadrado, trabalhando em dois turnos diários (ou até três, para atender a demanda em datas especiais como Natal e Dia das Mães). 

O ritmo de trabalho é apressado. Nenhuma empresa quis nos revelar ao certo o número de funcionários por linha de produção, nem a quantidade exata de linhas. Comum a todas elas é a especialização dos trabalhadores, treinados especificamente para o desempenho de cada função. 

É aqui também que as placas com os circuitos vão finalmente ser integradas aos módulos dos TVs. 

Com exceção da LG, que produz parte dos módulos ali mesmo em Manaus, os fabricantes importam a totalidade desses componentes, apenas montando no Brasil os módulos (painel interno de cristal líquido, moldura e tela de vidro).   

As linhas de montagem são extensas, seguindo um roteiro que precisa ser obedecido à risca: colocação de moldura, substrato de vidro (tela) + painel LCD, placas com os circuitos, alto-falantes, conectores e base. O passo seguinte é realizar testes de funcionamento de cada aparelho, daí para embalagem e despacho. No final de cada linha, um contêiner está sempre esperando para escoar a produção. 

Como se sabe, nos últimos anos saíram de Manaus milhares deles, todos lotados de TVs, pois os produtos acabados raramente ficam muito tempo nos estoques das fábricas. O TV que você está assistindo agora provavelmente veio de lá.