AMPLIFICAÇÃO A VÁLVULA

AMPLIFICAÇÃO A VÁLVULA

 

Por ALBERTO VILARDO

 

Até meados da década de 60, todos os amplificadores utilizavam-se da tecnologia valvular, a qual ficou severamente abalada com a introdução do transistor. Foi reduzida a um mínimo de equipamentos, enquanto empresas como G.E., Telefunken, RCA, Philips e Sylvania, entre outras, cessaram a fabricação das válvulas, cuja obtenção ficou bem dificultada. Alguns países da Cortina de Ferro, como a Rússia e a China, continuaram suprindo este mercado, mas com uma qualidade de fabricação nem sempre a desejada.

Os aparelhos transistorizados não conseguiram um desempenho muito favorável no início de sua introdução, o que fez muitos audiófilos retornar às válvulas e, de uma certa forma, aquecer tal mercado. A tecnologia valvular ressurgiu com grande força na metade dos anos 70. Empresas como Audio Research, Conrad Jonhson, Cary, Jadis, Sonic Frontier, VTL, Manley, Atmosphere, Audio Note, Quicksilver, McIntosh e Dynaco, entre outras, faziam a alegria dos audiófilos amantes desta tecnologia.

Os amplificadores valvulados podem ser divididos em três categorias: os single-ended, os push-pull e os OTL.

Single-ended são amplificadores que se utilizam principalmente de triodos, como as válvulas 845, as 300B e as 2A3. Normalmente, esse tipo de amplificação dispõe de baixa potência de saída e requer caixas acústicas de alta eficiência. Algumas marcas conhecidas que se utilizam desta tecnologia são Cary, Audio Note, Bel Canto etc. As caixas acústicas normalmente utilizadas possuem eficiência acima de 95dB W/m. 

A qualidade de áudio que este tipo de amplificação fornece é muito boa; conta com uma legião de audiófilos que admiram e veneram esta tecnologia. No Japão, na China e em toda a Ásia, este tipo de áudio é muito difundido; pagam-se fortunas pelos amplificadores. Para se ter uma idéia, há questão de alguns anos atrás a Western Electric reintroduziu as válvulas 300B ao preço de aproximadamente US$ 1.000/par (vejam bem, um mil dólares por um par de válvulas!) Os preços dos equipamentos chegam a ser estratrosféricos. 

O sistema de amplificação a válvula push-pull, ultralinear, foi desenvolvido por David Hafler, dono da Dynaco. Foi logo adotado por inúmeros fabricantes, devido a sua confiabilidade e eficiência. As válvulas utilizadas são, normalmente, as EL34, 6L6G/5881 e 6550. Vale incluir as KT88 e KT90. Marcas que empregam este sistema de amplificação são Audio Research, Conrad Jonhson, Sonic Frontier, VTL, Dynaco e outras. 

Os amplificadores valvulados, com exceção de tecnologia OTL (que veremos a seguir), são obrigados a se utilizar de transformadores de saída, por possuírem impedância muito alta. As válvulas requerem transformadores para acionar devidamente as caixas acústicas. A qualidade de um amplificador valvulado é dependente da qualidade de seu transformador de saída, sendo este item, junto com a qualidade das válvulas, de primordial importância para a qualidade final que se obtém de um amplificador valvular. 

Ao contrário do transistor, a potência do amplificador a válvula não muda com a impedância das caixas. Por exemplo: um amplificador de transistor que apresente como características técnicas os valores de 50W RMS 8 ohms sobe para 80W RMS a 4 ohms, quando o ideal seria o dobro (50-8, 100-4). Os valvulados são constantes: 50 em 8, 50 em 4. Portanto, ao fazer comparações tome cuidado, pois os valvulados possuem potência constante, independente da impedância, enquanto os transistorizados tendem a desempenhos diferentes.

Os OTL são amplificadores que não dispõem de transformadores de saída – a sigla significa: output transformer less – utilizando-se de válvulas de baixa impedância; configurando-as em paralelo, consegue-se boa potência e qualidade de áudio admirável. Marcas que empregam esta tecnologia: os antigos Futerman, Atmosphere e Transcendent, entre outras. O grande inconveniente destes amplificadores era quando da queima de uma das válvulas: as caixas acústicas eram danificadas. Hoje, circuitos de proteção bem elaborados eliminam este problema.

O que posso ainda dizer ao amigo leitor sobre as válvulas é que elas possuem uma magia que somente os admiradores desta tecnologia sabem definir. O áudio fornecido é quente, com médios realmente maravilhosos. 

Não quero aqui dizer que a tecnologia valvular seja superior à transistorizada – existem bons e maus projetos em ambas. Todavia, se lembrarmos que, após quase 40 anos da introdução do transistor, os valvulados persistem, é que, sem dúvida, qualidade eles têm.