AMPLIFICADOR/PROCESSADOR YAMAHA DSP-A1

AMPLIFICADOR/PROCESSADOR YAMAHA DSP-A1

 

Havia grande ansiedade em nossa equipe com o teste do Yamaha DSP-A1. Lançado no mercado americano em meados do ano passado e saudado por boa parte da imprensa especializada nos EUA, esse aparelho é um dos mais solicitados pelos nossos leitores e – segundo a maioria dos revendedores – um inegável sucesso de vendas também no Brasil. 

A Yamaha realmente trabalhou bem no marketing desse produto, o primeiro amplificador integrado a processador Dolby Digital e DTS. Só esse fato bastaria para atrair a atenção dos especialistas. Afinal, o sistema DTS vem sendo apontado como revolucionário e, segundo alguns, pode até desbancar o DD no futuro – opinião que, particularmente, não compartilhamos. 

Nossa equipe teve oportunidade de ver e ouvir o DSP-A1 em diversas oportunidades desde que começou a ser distribuído no Brasil, mas nunca com a chance de testá-lo atentamente. Trata-se de um aparelho complexo e cuja avaliação exige algumas condições especiais – a começar da sala escolhida.

Muitos recursos num único aparelho

Pela enorme quantidade de recursos que a Yamaha colocou nesse amplificador (seu manual de instruções tem nada menos do que 77 páginas), constatamos que seria difícil analisá-lo simplesmente – como fez boa parte da imprensa americana – em seu conjunto. Talvez fosse melhor seguir o exemplo dos ingleses, sempre mais detalhistas quando se trata de testes, e avaliar separadamente os diversos aspectos do produto: processamento, amplificação, efeitos, funcionalidade, flexibilidade de conexões etc. 

Podemos afirmar que, para cada um desses itens, o DSP-A1 mostrou desempenho diferente. Dependendo do que cada consumidor busca num produto como esse, o resultado pode ser excelente ou… apenas razoável.

Como tudo é uma questão de custo-benefício, convém lembrar que o DSP-A1 é vendido no Brasil por quase US$ 4 mil, o que o coloca em igualdade com alguns sistemas pré+power. Por isso, é necessário maior cuidado em todas as considerações. 

Embora seja um amplificador, o fato de possuir decodificadores internos o equipara aos receivers (a diferença é que estes possuem tuner AM/FM). Como tal, pode-se dizer que oferece a maior variedade de funções já colocada num único aparelho. O que pode ou não ser uma vantagem: os adeptos das configurações discretas, em que cada módulo tem sua função específica, provavelmente ficarão desapontados com sua performance.

Dolby Digital, DTS e Dolby Pro Logic

Como processador, o DSP-A1 realmente dá um show em filmes (aliás, esta é uma marca registrada da Yamaha). Ambientação, palco sonoro, precisão nos efeitos, clareza nos diálogos, perfeita separação dos canais, tudo isso esteve presente em nossos testes. Tanto em Dolby Digital como DTS (e também em Pro-Logic), pudemos ouvir com clareza os canais traseiros sem ter que alterar o setup, fixado em 0dB. 

Com o subwoofer também na posição neutra, percebemos os graves sem maior esforço. Na seqüência inicial de Batman & Robin, de extrema dinâmica, esse aspecto chamou atenção.  

Com esse aparelho, a Yamaha levou às últimas conseqüências o conceito DSP (Digital Soundfield Processing) que ela mesma lançou, cerca de dez anos atrás. Esse método de processamento baseia-se em softwares que utilizam medições reais, feitas em determinados lugares, para determinar como deve ser a reprodução doméstica. Assim, os fãs de jazz podem selecionar, no menu do DSP-A1, um modo de reprodução identificado como “Village Vanguard” ou “Village Gate”, nomes de duas famosas casas noturnas de Nova York. 

30 modos de ajuste de áudio

Se isso vai ou não soar agradável aos ouvidos, é outra história. O fato é que, depois de ter colocado esses modos de efeito em diversos receivers nos últimos anos, a Yamaha incorporou no DSP-A1 nada menos do que 30 modos diferentes, alguns destinados à reprodução musical, outros a filmes.

Escolher entre eles torna-se mera questão de gosto pessoal, mas tecnicamente pode-se questionar esse exagero perguntando se não seria melhor deixar o som como foi gravado originalmente. Provavelmente não, já que a Yamaha vendeu milhões de receivers nos últimos anos e vários outros fabricantes adotaram o sistema DSP. Os consumidores, portanto, parecem ter aprovado a manipulação do som. 

Para estes, aliás, o A1 oferece algo mais: dois canais adicionais que o fabricante chama de “canais de efeito”, que devem ser usados para alimentar duas caixas acústicas laterais frontais (de preferência compactas), aumentando a sensação de envolvimento.

Se o processamento no DSP-A1 chega próximo da perfeição, não se pode dizer o mesmo da amplificação. Comparado a outros amplificadores multicanais e mesmo receivers testados pela equipe anteriormente, seu som não tem o mesmo impacto. Notamos certo “abafamento”, particularmente nos graves, na audição de música. Eliminamos o subwoofer e o problema persistiu. Foi preciso certo esforço para que o som realmente enchesse a sala (de aproximadamente 40m2). Usando caixas torre de alta sensibilidade, notamos que elas pareciam “pedir mais”. O desempenho melhorou muito quando acoplamos um amplificador externo.

Um aspecto notável desse amplificador DSP-A1 é, sem dúvida, sua capacidade de processar o sinal DTS, outra curiosidade da equipe. Na avaliação, utilizamos um filme (Waterworld) com trilhas DD e DTS e um show (do grupo americano Eagles) apenas com trilha DTS. Assim, pudemos (no caso do filme) comparar atentamente os dois sistemas. A diferença que mais chama atenção é que, em DTS, os canais traseiros parecem sempre mais altos do que em DD. Mas há certa coloração nos sons ambientes, enquanto em DD tudo parece mais natural.

Seja como for, dois discos é muito pouco para um diagnóstico definitivo. O importante é que o DSP-A1 oferece essas duas possibilidades – DD e DTS – e, nesse ponto, realmente vale o que custa. Com o aumento da oferta de discos gravados em DTS (tanto CDs como DVDs), este é um recurso a ser cada vez mais considerado pelos consumidores na escolha de um receiver. 

3 controles num só

Com inúmeras possibilidades de uso, não se pode dizer que o A1 seja um aparelho de operação fácil. O consumidor provavelmente levará algum tempo para dominá-lo totalmente, e mesmo para se acostumar com tantas teclas. Seu controle remoto é basicamente o mesmo da linha de receivers Yamaha, com alguns acréscimos. 

Corretamente programado, pode se transformar em até três controles diferentes, dependendo do equipamento que se use. Nada intuitivo, muito menos ergonômico, tem a vantagem de poder incorporar funções de vários controles, o que sem dúvida simplifica a vida do usuário. Mas isso poderia ser conseguido com menos botões.

Já o setup (método de ajustes do equipamento) é intuitivo e, portanto, mais fácil de aprender, apesar do grande número de funções. Como outros fabricantes, a Yamaha também comete o erro de afirmar, em seu manual, que o ajuste LARGE/SMALL das caixas acústicas tem a ver com o tamanho. 

Na verdade, pode-se selecionar LARGE quando se trabalha com caixas capazes de reproduzir boa dose de graves, caso em que o subwoofer é menos exigido. Se o usuário não se confundir com esse detalhe, pode seguir em frente em seus ajustes sem problemas, inclusive visualizando na tela a posição correta das caixas.

O setup inclui ainda test-tone do subwoofer (em níveis separados para Pro-Logic, DD e DTS), faixa dinâmica e delay do canal central. Para este, há um equalizador gráfico de 5 bandas, embutido, cujas indicações podem ser vistas na tela. 

Para os que realmente gostam de manipular os sons de seus aparelhos, o A1 oferece ainda o ajuste chamado Cinema EQ, pelo qual pode-se alterar o balanço tonal de cada caixa acústica “ao gosto do freguês”. Detalhe interessante: a Yamaha acrescentou a função Memory Guard, que permite bloquear os ajustes já feitos para que não sejam alterados acidentalmente.

São 8 entradas digitais, sendo 5 ópticas

Um dos grandes méritos do DSP-A1 é a variedade de conectores no painel traseiro, que praticamente preenche todas as necessidades de qualquer usuário. São oito entradas digitais, sendo cinco do tipo óptico. O DVD player, por exemplo, pode ser ligado através de conector óptico ou coaxial; um LD player tanto pode ser conectado via entrada coaxial digital como RF (analógica). Podem ser ligadas ainda mais cinco fontes AV, via conectores de áudio analógicos R/L e conectores de vídeo composto ou S. 

Testamos ainda a saída MONITOR OUT, comparando-a com a ligação direta do DVD player com o projetor, e praticamente não notamos diferença na imagem – o que prova a qualidade dos circuitos de vídeo do A1.

O modelo testado é da cor champagne, com as laterais imitando madeira, algo estranho quando se sabe que quase todos os módulos de home theater são pretos (a Yamaha está comercializando também a versão preta do DSP-A1). O design é extremamente clean, com apenas três botões no painel frontal. Na parte inferior, uma gaveta tampa “esconde” alguns controles para ajuste de áudio, as entradas auxiliares AV (inclusive com conector S) e o botão REC OUT, que automatiza os procedimentos de gravação através do amplificador.

AGRADECIMENTOS: Bogart & Mozart

 

FICHA TÉCNICA

Modelo: Amplificador/processador Yamaha DSP-A1

Processadores: Dolby Pro-Logic, Dolby Digital, DSP e DTS

Potência de saída: 5X110W + 2X35W RMS (surround), 2X150W RMS (estéreo), a 8 ohms.

Resposta de freqüência: 20-20.000Hz

Distorção Harmônica Total: menos de 0,005% (phono: 0,01%)

Relação sinal/ruído (áudio): mais de 96dB (phono: mais de 86dB)

Relação sinal/ruído (vídeo): mais de 50dB

Entradas de áudio: 5 analógicas e 8 digitais (5 ópticas e 3 coaxiais), mais 1 AC-3 RF; entradas independentes 6 canais, para decoder externo.

Entradas de vídeo: 6 de vídeo composto e 6 S-Video (sendo 1 frontal)

Saídas de áudio: 1 óptica (para gravação) mais saídas pré-amplificadas para todos os canais.

Entradas de força: 2 balanceadas e 1 não-balanceada

Dimensões: 43/19/47cm (L/A/P)

Peso: 23kg.

 

EQUIPAMENTO DE TESTE:

DVD players Marantz DV-810 e Denon DVD-3000

Caixas acústicas Tannoy Precision

Subwoofer Velodyne 1250

Projetor Barco 708BR

Amplificador Sunfire Cinema Grand

DVDs: Waterworld, Eagles – Hell Freezes Over (DTS), Batman & Robin, Melhor é Impossível, Madonna – The Girlie Show e James Taylor – Live at the Beacon Theater (Dolby Digital).

CDs: Count Basie – 88 Basie Street (JVC Records), Carla Lother – Captain Courageous (Chesky), Thelma Houston – I’ve Got Music in Me (Sheffield Lab).